Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade afeta universitários

TDAH interfere no aprendizado de estudantes.
Foto: Amanda Flores
De acordo com dados de pesquisas obtidas por médicos especialistas em transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), dos quais a Associação Brasileira de Déficit de Atenção (ABDA) toma como referência, cerca de 3% a 5% das crianças brasileiras sofrem com a doença.

O TDAH é uma doença neurológica que afeta o funcionamento de algumas regiões do cérebro levando a um quadro de falta de atenção e inquietude. “Desconfiar que toda criança agitada tem TDAH pode levar a uma busca exagerada e, muitas vezes, equivocada por um diagnóstico que não existe”, alerta o neurologista André Felício, membro da Academia Brasileira de Neurologia.

Felício aconselha que os pais precisam observar por quanto tempo a inquietude por parte da criança ocorre, e se é algo constante ou relacionado a períodos curtos. “É preciso estar atento se essa hiperatividade interfere no aprendizado da criança, se ela tem um perfil desafiador, e procurar saber qual o comportamento dela na escola”, adverte o neurologista. “O transtorno é percebido, normalmente, na fase escolar”.

Porém, uma atenção deve ser dada também aos jovens e, até mesmo, adultos que já frequentam as universidades. “Existem muito adultos com TDAH que nunca tiveram este diagnóstico e sofrem constantemente em seu círculo de vida pessoal, acadêmico e profissional”, comenta Felício.

Esse é o caso da estudante universitária Lavínia Vasconcelos¹. Ela descobriu que tem TDAH durante uma consulta ao psicólogo. No começo, Lavínia não sabia lidar com o problema. Com isso, ela não tinha controle com seus afazeres acadêmicos. “Eu me esquecia de fazer trabalhos e estudar para provas, além de ter dificuldades para entender as explicações dos professores”, recorda Lavínia.

Segundo Felício, não se sabe exatamente o que causa esse transtorno, mas existem dois fatores importantes, o genético e o ambiental. “No quesito ambiental, os fatores (prematuridade, infecções, trauma craniano, entre outros) ajudam a desencadear ou deflagrar o processo no indivíduo em risco de desenvolver a doença”, explica o neurologista. Ele ainda acrescenta que isso desencadeia mudanças neurobiológicas do cérebro da criança ou do adulto acometido.

No caso de Lavínia, o TDAH é hereditário. O pai da universitária também tem o transtorno. Lavínia relata que a família lida bem com o caso deles. “Antes, minha mãe sempre brigava comigo por me esquecer de tudo, mas hoje ela lida com isso normalmente”, comenta.

Hoje, Lavínia já aprendeu a encarar as diversidades que um TDAH gera. Para controlar a ansiedade excessiva e a falta de atenção, ela tomava alguns remédios. Lavínia relata que essa medida ajudou, mas preferiu parar, pois não se considerava dependente de remédios para ter uma vida considerada normal. “Sem remédios, estou vivendo muito bem, e aprendi a lidar com os meus problemas relacionados à falta de atenção através do meu autocontrole”, confessa.

Existem duas maneiras de uma pessoa se tratar do TDAH. Pode ser através de medidas farmacológicas (com remédios) e não-farmacológicas (sem remédios). Segundo Felício, existem várias linhas de tratamento medicamentoso do TDAH, mas os principais remédios utilizados são estimulantes do sistema nervoso central, sejam derivados anfetamínicos ou não.

Já entre as medidas não-farmacológicas, existem tratamentos de psicoterapia e terapia ocupacional, até a prática de esportes. “A prática de esportes coletivos é uma forma de tratamento, onde é necessário interagir em sincronia com outras pessoas e onde o respeito pela hierarquia e a concentração é essencial”, exemplifica Felício.

O neurologista ainda relata que o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade tem tratamentos que podem ser bastante eficazes, devolvendo ao paciente acometido o “infinito” potencial do cérebro para novos aprendizados. “Afinal, isto é o que esperamos de mais de cem bilhões de neurônios”, conclui.

________________
¹ Nome fictício. A fonte prefere não ser identificada.
Tags: ,

Sobre a ABJ

A ABJ é a agência júnior de jornalismo do curso de Comunicação Social do Unasp - Centro Universitário Adventista de São Paulo.

0 comentários

Comente Esta Notícia